O Canva é uma plataforma de design gráfico que, após a criação de uma conta de utilizador, pode ser usada online, como um aplicativo no computador e em dispositivos móveis. Entre muitos outros modelos, o Canva permite criar apresentações, cartazes, infográficos, vídeos, convites, possibilitando a utilização de um número larguíssimo de recursos visuais e áudio gratuitos para professores e alunos, através do Canva Educação. Funcionando com um sistema simples e intuitivo de “arrastar” e “soltar”, e sendo disponibilizados diversos templates, esta ferramenta é adequada a utilizadores dos primeiros anos de escolaridade e com qualquer nível de conhecimento tecnológico.

Para além da gratuitidade de todos os recursos, esta plataforma tem a vantagem de permitir a criação de turmas integrando, com facilidade, o Google Classroom ou o Microsoft Teams. As produções realizadas no Canva podem ser partilhadas em modo de edição, promovendo o trabalho colaborativo entre alunos e a avaliação formativa por parte do docente, com base em feedback escrito. Depois de concluídas, as produções podem ser descarregadas em diversos formatos possibilitando a partilha através de correio eletrónico, noutras plataformas digitais ou através da impressão. Assim, de uma forma intuitiva e simples, professores e alunos podem interagir num ambiente digital que pode incentivar a partilha de aprendizagens e o trabalho colaborativo e, simultaneamente, ser promotor de aprendizagens significativas com orientação do professor.

O professor pode propor tarefas e dar feedback escrito aos alunos durante a realização do trabalho, reorientando o processo de aprendizagem, aumentando a interação com o aluno, ajudando-o a desenvolver competências curriculares e socioemocionais. Além da atribuição de tarefas pelo professor, o Canva possibilita que um aluno, ou uma equipa de alunos, solicite revisão de qualquer modelo criado na aplicação, permitindo que os seus trabalhos avancem por iniciativa própria, desenvolvendo a criatividade e contando com o apoio do docente ou da turma na sua revisão.

Esta ferramenta é ideal para o desenvolvimento de metodologias ativas na sala de aula e a distância, em particular, na implementação do trabalho de projeto, principalmente, na fase de construção da apresentação. O trabalho de projeto está centrado nos alunos promovendo o seu envolvimento, transformando o aluno num criador ou produtor ativo de saberes (Vasconcelos, 2011, p. 9).

Por outro lado, o trabalho de projeto, focando-nos exclusivamente na fase da apresentação com a utilização desta ferramenta, permite o desenvolvimento das várias competências apontadas pelo Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória (Martins et al, 2017), nomeadamente nas áreas de:

  • Linguagens e textos: “Identificam, utilizam e criam diversos produtos (…) tecnológicos (…)”;
  • Informação e comunicação: “Os alunos apresentam e explicam conceitos em grupos, apresentam ideias e projetos diante de audiências reais, presencialmente ou a distância. Expõem o trabalho resultante das pesquisas feitas, de acordo com os objetivos definidos, junto de diferentes públicos, concretizado em produtos discursivos, textuais, audiovisuais e/ou multimédia(…)”;
  • Raciocínio e resolução de problemas: “Desenvolvem processos conducentes à construção de produtos e de conhecimento, usando recursos diversificados.”;
  • Pensamento crítico e pensamento criativo: “Os alunos desenvolvem ideias e projetos criativos com sentido no contexto a que dizem respeito, recorrendo à imaginação, inventividade, desenvoltura e flexibilidade (…)”;
  • Relacionamento interpessoal: “Os alunos juntam esforços para atingir objetivos, valorizando a diversidade de perspetivas sobre as questões em causa, tanto lado a lado como através de meios digitais. Os alunos resolvem problemas de natureza relacional de forma pacífica, com empatia e com sentido crítico.”;
  • Desenvolvimento pessoal e autonomia: “Os alunos desenham, implementam e avaliam, com autonomia, estratégias para conseguir as metas e desafios que estabelecem para si próprios.
  • Sensibilidade estética e artística: Os alunos percebem o valor estético das experimentações e criações a partir de intencionalidades artísticas e tecnológicas, mobilizando técnicas e recursos de acordo com diferentes finalidades e contextos socioculturais.”;
  • Saber científico, técnico e tecnológico: “Identificam necessidades e oportunidades tecnológicas numa diversidade de propostas e fazem escolhas fundamentadas”.

Como já referimos, o Canva tem como um dos pontos fortes a possibilidade de o professor comunicar com o aluno, dando feedback escrito, envolvendo ativamente os alunos na revisão do seu trabalho. O feedback escrito é “uma das formas de operacionalizar a avaliação reguladora das aprendizagens” (Dias e Santos, 2008, p.4). Enquanto forma de operacionalizar a avaliação reguladora, o feedback escrito pode ser um valioso instrumento de incentivo à autocorreção, envolvendo ativamente os alunos tanto no seu processo de aprendizagem como no seu processo de avaliação, mesmo com alunos dos primeiros anos de escolaridade.

Segundo Santos (2003, p.19), permitir que um aluno aperfeiçoe uma primeira versão de determinado trabalho, é uma forma rica de desenvolver uma avaliação reguladora da aprendizagem, pois o aluno tem a oportunidade de repensar a situação. Santos (2003, p.19), recomenda ainda que o feedback escrito, enquanto avaliação reguladora, deva “ser claro, para que autonomamente possa ser compreendido pelo aluno; apontar pistas de ação futura, de forma que a partir dele o aluno saiba como prosseguir; incentivar o aluno a reanalisar a sua resposta; não incluir a correção do erro, no sentido de dar ao próprio a possibilidade de ser ele mesmo a identificar o erro e a alterá-lo de forma a permitir que aconteça uma aprendizagem mais duradoura ao longo do tempo; identificar o que já está bem feito, no sentido não só de dar autoconfiança como igualmente permitir que aquele saber seja conscientemente reconhecido.”

Para Dias e Santos, “o feedback escrito, enquanto ferramenta de comunicação professor-aluno, assume um papel central num contexto de formação formativa” (2009, p.1). Para Black & William (1998, citado por Dias e Santos, 2009, p. 502), “O feedback regular enquanto forma de comunicação entre o professor e os alunos é um conceito central na avaliação formativa.” (2009, p. 502).

Solicitou-se a opinião de alguns alunos do 1.º CEB sobre a pertinência da utilização do Canva Educação na preparação das apresentações dos seus projetos. É curioso compreender que a comunicação também é sentida pelos alunos como um dos fatores mais importantes desta plataforma. Os alunos destacam, igualmente, a possibilidade de inserirem recursos diversos nas suas produções como áudios (pré-gravados), imagens e vídeos. Consideram que é uma ferramenta útil e fácil de usar.

Concluindo, o Canva é uma ferramenta de fácil utilização, com recursos ilimitados na sua versão Educação, permite o envolvimento dos alunos e o trabalho colaborativo entre os alunos e estes e o professor, incrementa a regulação das aprendizagens sendo uma aplicação que possibilita uma avaliação formativa, tendo em conta a vantagem de permitir o feedback escrito e o diálogo professor-aluno. Por tudo isto, é uma plataforma que apoia claramente o desenvolvimento da metodologia de projeto na sala de aula.

Por último, agradecemos a participação dos alunos do 4.º ano da EB de Cabanas, nomeadamente: a Camila Margarido, a Maria Leonardo, a Matilde Barreiros, a Matilde Pita e o Rodrigo Cabral.

Aida Graça e Joana Lima

Referências:

Dias, S. & Santos, L. (2008). Por que razão é importante identificar e analisar os erros e dificuldades dos alunos? O feedback regulador. In L. Menezes; L. Santos; H. Gomes & C. Rodrigues (Eds.), Avaliação em Matemática: Problemas e desafios (pp. 133-143). Viseu: Secção de Educação Matemática da Sociedade Portuguesa de Ciências de Educação.

Dias, S. & Santos, L. (2009). Avaliação reguladora, feedback escrito, conceitos matemáticos: Um triângulo de difícil construção. XXSIEM (CD-ROM). Lisboa: APM. http://area.fc.ul.pt/pt/Encontros%20Nacionais/XXSIEM_S4_C6_DiasSantos.pdf

Martins, G., Gomes C., Brocardo, J., Pedroso, J., Carrillo, J., Silva, L., Encarnação, M., Horta, M., Calçada, M., Nery, R. & Rodrigues, S. (2017). Perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória. Ministério da Educação. Direção-Geral da Educação. https://dge.mec.pt/sites/default/files/Curriculo/Projeto_Autonomia_e_Flexibilidade/perfil_dos_alunos.pdf

Santos, L. (2003). Avaliar competências: uma tarefa impossível? Educação e Matemática, 74, 16-21.
Vasconcelos, T. (2011). Trabalho de Projeto como “Pedagogia de Fronteira”. Da Investigação às Práticas, I (3), 8-20.