O Ensino Remoto de Emergência (ERE) trouxe a todos os profissionais de educação desafios únicos e uma procura de novas metodologias de aprendizagem, principalmente no pré-escolar e no 1.º ciclo, dadas as especificidades cognitivas das faixas etárias em questão, bem como da falta de autonomia na utilização de dispositivos digitais, principalmente do computador.
Uma das metodologias que muitos de nós usamos, de forma intuitiva e empírica, foi o Flipped Learning, pois precisávamos que as nossas crianças explorassem, de forma assíncrona, recursos digitais, como o vídeo, os jogos interativos ou um podcast, com vista a minimizar o tempo de exposição nos momentos síncronos, rentabilizando estes momentos para o diálogo, troca de opiniões, questionar e consolidar conhecimentos, bem como pela falta de concentração e atenção que os alunos revelavam.
O Flipped Learning permite que a primeira abordagem aos conteúdos possa “provocar a curiosidade, levando o aluno a usar diversos recursos multimédia (vídeos, apps, infografias, …) de forma a diversificar as interações” (Bento, 2020). Para além disso, implica um respeito pelo ritmo individual de cada aluno, que pode usar os recursos várias vezes, levando a uma melhoria das aprendizagens e fomentando a sua autonomia na cognição e na metacognição; e também prepara o aluno para os momentos síncronos ou presenciais, envolvendo-o e permitindo que seja apoiado diretamente nas suas dúvidas.
Uma das ferramentas digitais que descobrimos aquando do ERE e que preenche os requisitos do Flipped Learning é o Nearpod. Esta ferramenta criada por uma equipa americana, disponibiliza um conjunto muito interessante de potencialidades na sua versão gratuita. Esta ferramenta de apresentação colaborativa permite que os professores se envolvam e avaliem os dados dos seus alunos usando dispositivos móveis: computadores, tablets e telemóveis, sem necessidade de instalação ou de inscrição por parte do utilizador.
O Nearpod permite:
- a utilização de Recursos Multimédia, como o vídeo, tornando-o interativo;
- qualidade, diversidade e interatividade das sequências de aprendizagens, que podem incluir vídeos, jogos (por exemplo, encontrar pares), imagens; desenho livre, etc;
- simplicidade na criação, por parte dos professores;
- simplicidade na utilização, por parte dos alunos;
- interatividade com os utilizadores;
- recolha de dados para avaliação;
- feedback das aprendizagens aos alunos;
- possibilidade de partilha entre docentes.
Esta ferramenta é, na nossa opinião, adequada para o ensino híbrido ou presencial, onde se procura o aumento da autonomia do aluno na construção do seu processo de aprendizagem. O Flipped Learning insere-se nas pedagogias para a autonomia em oposição às pedagogias da explicação, pela forma como responsabilizam os alunos por “estudarem autonomamente um tópico a aprender, para só depois aplicarem, debaterem e avaliarem em conjunto a respetiva aprendizagem” (Figueiredo, 2020).
Ao educador cabe escolher recursos e organizá-los, produzir conteúdos, torná-los acessíveis e comunicar com os seus alunos. Esta comunicação com os alunos, principalmente nos momentos assíncronos, é fundamental para que a aprendizagem aconteça, para que os alunos se sintam acompanhados, sabendo que o professor está a seguir os seus progressos e disponível para o apoiar.
Aida Graça e Ana Ré
Referências:
Bento, M. (2020, março 24). Ser professor e ser “covidado” a reinventar-se. PÚBLICO. https://www.publico.pt/2020/03/24/impar/opiniao/professor-covidado-reinventarse-1909064
Figueiredo, A. D. (2020, agosto 25). O imperativo de uma escola para a autonomia. https://www.sinalaberto.pt/o-imperativo-de-uma-escola-para-a-autonomia/